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Tudo isso pode ser explicado com base no funcionamento “secreto” do nosso cérebro – ou seja, toda aquela atividade que não chega até a nossa consciência.
No livro “Incógnito – A vida secreta do cérebro”, o neurocientista David Eagleman conta que realizou um experimento no qual exibiu lampejos de fotos de homens e mulheres a voluntários e pediu a eles que as classificassem quanto ao seu grau de atração. Depois, eles ainda as classificaram uma segunda vez, mas levando o tempo que quisessem para analisá-las.
O resultado mostrou que as pessoas eram sempre julgadas mais bonitas quando vistas de relance do que quando eram melhor analisadas. Isso é algo que provavelmente já aconteceu com você. Por exemplo, quando vê de relance um amigo conversando com outras pessoas e percebe que, no grupo dele, está uma mulher linda.
Quando para parar falar com eles, porém, você descobre que ela estava longe de ser aquele poço de formosura que você havia inicialmente vislumbrado.
Estudos como o de Eagleman têm mostrado que esse tipo de engano é mais comum em homens do que em mulheres, provavelmente porque a avaliação que eles fazem do que éatraente se baseia mais fortemente em fatores visuais.
Mas por que isso acontece? Por que nosso cérebro sempre erra para o lado de acreditar que as pessoas são muito mais bonitas, em vez de simplesmente calcular a beleza na média? Segundo o neurocientista, isso se deve às exigências da reprodução. Expliquemos melhor: para nós, supostamente é melhor julgar um parceiro em potencial como sendo inicialmente maravilhoso porque, para comprovar ou negar isso, basta dar uma segunda olhada e pronto. No entanto, se a pessoa fosse linda e você a julgasse como sendo feia de relance, iria perder o interesse – e poderia perder a chance de ter um possível futuro genético promissor. Ou seja, para não correr o risco de perder um parceiro em potencial, o palpite é sempre para o lado positivo.
Eagleman cita outros estudos que mostraram que homens acham mais atraentes fotos de mulheres com as pupilas dilatadas, embora esse fosse um detalhe extremamente sutil e imperceptível pela consciência. Mas há um detalhe: os homens não sabiam, mas pupilas dilatadas indicam interesse sexual (pode reparar, suas pupilas provavelmente ficam maiores quando você está olhando para a pessoa em quem está atraído).
Por que isso acontece? Seu sábio cérebro captou esse sinal de receptividade muito antes de sua consciência e já lançou a mensagem para você: “essa pessoa vale a pena, invista nela!”. E aí ela passa a ser vista como atraente.
O que dançarinas de boate nos ensinam sobre o cérebro
A atração que outras pessoas exercem sobre nós também se adapta às circunstâncias. No reino animal, a fêmea dá sinais claros de que está no cio. As fêmeas dos babuínos, por exemplo, ficam com o traseiro com um rosa vivo que é entendido pelos machos como um convite claro para o acasalamento.
Entre os humanos, apesar de não ocorrer nada assim tão claro, as mulheres também são consideradas mais bonitas quando estão no período fértil. “Isso é verdadeiro tanto quando ela é julgada por homens quanto por mulheres, e o efeito funciona mesmo quando o teste é feito por fotos”, explica Eagleman. Ou seja, não depende da forma como ela age – somente de sua aparência.
Ainda não se sabe que sinal é esse que elas transmitem. Pode ter algo a ver com a tonalidade de sua pele, que muda durante essa época, ou ao fato de suas orelhas e seios ficarem mais simétricos. Nossa consciência não sabe ainda o que é – mas o cérebro sim.
E isso é um efeito mensurável. Cientistas do Novo México descobriam que dançarinas de boates locais ganhavam uma média de 68 dólares por hora em seu pico de fertilidade, enquanto as que estavam menstruando ganhavam apenas 35. A média geral era de 52 dólares.
Isso mostra que o poder da atração, apesar de estar além do nosso alcance consciente, já estádeterminado neurologicamente. O cérebro é muito bom na detecção de dicas sutis. Se você for medir as feições de uma pessoa que acha bonita com a de alguém que não acha, verá que a primeira apresenta uma simetria maior, mas que é tudo extremamente sutil. Um alienígena ou uma barata jamais entenderiam a diferença, assim como nós não saberíamos diferenciar um ET ou barata bonitos de outros feios. Para nós, eles têm todos a mesma cara – mas pesquisadores de baratas garantem que cada uma delas possui um rosto com traços particulares.
As pequenas diferenças em nossa própria espécie têm um efeito intenso no nosso cérebro, que está equipado para a seleção e busca de um parceiro. E, como escreveu David Eagleman, “tudo isso ocorre sob a superfície de nossa consciência – nós simplesmente desfrutamos das sensações agradáveis que borbulham dela.”
Fonte: Super Interessante.
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