Foto: O Povo. |
Famílias de padres casados de todo o Brasil estão reunidos em Fortaleza para encontro que segue até 1º de julho.
Uma vez padre, sempre padre. Mesmo que, um dia, o religioso se case. “A gente continua padre, mesmo sem exercer o ministério”, explica Gerard Frencken, casado há 13 anos com a cearense Claudete da Silva Morais. O casal participa esta semana do 19º Encontro das Famílias dos Padres Casados, evento bienal que reúne famílias de todo o Brasil.
Segundo Frencken, após o matrimônio não é mais permitido ao sacerdote guiar celebrações e sacramentos, como missas, casamentos e batismos.
A estimativa é que existam cerca de oito mil padres da Igreja Católica Romana que optaram por constituir família somente no Brasil, conforme a organização do Movimento das Famílias dos Padres Casados. A atuação desses padres varia de diocese para diocese. “Algumas dioceses são mais abertas e outras mais fechadas”, comenta Frencken.
Sem entender as restrições impostas pela Igreja, Claudete diz que o movimento atua de forma profética, denunciando a postura fechada da hierarquia e anunciando uma nova forma de vivenciar o cristianismo. “A comunidade não tem nenhuma restrição e recebe muito bem os padres casados”, conta Claudete. Para Frencken, existe um tabu em torno da existência dos padres casados. “A tática da hierarquia é silenciar o assunto”.
Vindos do Maranhão, o padre João Tavares e sua esposa, a teóloga Sofia da Graça, estão casados há 33 anos, tendo duas filhas e uma neta. Sofia aponta a exclusão como a principal dificuldade enfrentada pelo casal. “É como se fosse uma guerra fria”, conta. A teóloga diz ter o dom da evangelização, sem possuir vocação para ser freira. “O padre casado passa a ter uma companheira que comunga com os ideais cristãos dele”, afirma.
Padre Tavares diz não sentir raiva nem arrependimento de sua formação religiosa. “Fui ordenado sabendo muito bem o que era ser padre. Tinha 26 anos, não era uma criança. Foram anos muitos felizes. Saí porque quis. Não foi por falta de fé”, explica o padre, que casou aos 38 anos. Sem a autorização do Vaticano, o matrimônio se deu inicialmente no civil. A permissão para o casamento religioso só veio 13 anos depois, com diversas restrições. A cerimônia, por exemplo, não poderia ser pública e o casal deveria morar longe do local onde atuava como padre. “É um profundo desrespeito”, desabafa.
ENTENDA A NOTÍCIA
O Movimento das Famílias dos Padres Casados agrega familiares de padres da Igreja Católica Romana que optaram por constituir família. Após o matrimônio, o sacerdote não pode mais exercer o ministério.
Serviço
Encontro das Famílias dos Padres Casados
Quando: até 1º de julho, sempre a partir das 8 horas
Onde: Sesc Iparana
Outras informações:
www.padrescasados.org
Saiba mais
A função do Movimento das Famílias dos Padres Casados é orientar e acolher padres casados das novas gerações. “O movimento nasceu da necessidade de formar um grupo de mútua ajuda, de estar com nossos semelhantes. Alguns padres chegam até a passar fome, pois saem sem nada”, revela o padre João Tavares.
No entanto, ele esclarece que a maioria consegue se dar bem e manter um bom nível de vida. “Cada um tem que se empenhar de acordo com sua vocação para melhorar o mundo. Se precisarem de nós, estamos aqui”, avisa.
Fonte: Jornal O Povo.
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