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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

EMPRÉSTIMOS FRAUDULENTOS - SEGUNDA FASE DA OPERAÇÃO FIDÚCIA PRENDE OITO PESSOAS

Foto: José Leomar/DN
A Polícia Federal estima que o rombo causado por esta quadrilha à CEF tenha sido de R$ 3,2 milhões, em 2014.
A segunda fase da 'Operação Fidúcia' foi deflagrada, na manhã de ontem, pela Polícia Federal. Oito pessoas, entre empresários, servidores públicos e mutuários, supostamente envolvidos com um esquema de concessão de empréstimos irregulares, foram presas. Desta vez, os principais alvos das investigações eram pessoas físicas, que conseguiram fraudar oito empréstimos na Caixa Econômica Federal (CEF) e causaram um rombo de R$ 3,2 milhões à instituição, no período compreendido entre os meses de julho de 2013 a fevereiro de 2014.

A operação visava cumprir três mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária, sete conduções coercitivas e 20 mandados de busca e apreensão, em endereços localizados em Fortaleza e Caucaia. Apenas dois dos alvos não foram encontrados pelos policiais. Um deles deveria ser preso preventivamente, o outro temporariamente. O advogado de um dos foragidos se comprometeu a apresentar o cliente à Polícia Federal (PF), "em breve".
Um homem que deveria ser conduzido coercitivamente à Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará, para prestar esclarecimentos, acabou preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Um revólver com numeração raspada foi encontrado na casa dele, escondido na caixa d'água do sanitário de um dos banheiros.
O delegado federal Gilson Mapurunga, responsável pela operação, disse que esta fase não tem ligação nenhuma com a primeira, deflagrada no dia 24 de março deste ano. Na ocasião, 56 mandados expedidos pela 32º Vara da Justiça Federal foram cumpridos. Conforme Mapurunga, as fraudes investigadas nesta segunda fase aconteceram ao mesmo tempo que as investigadas na primeira, mas foram praticadas por organizações criminosas distintas, que não tinham comunicação entre si.
Segundo ele, a denominação 'fidúcia' foi dada a esta nova investida policial porque, assim como da primeira vez, havia uma alienação das garantias dos empréstimos. Como a palavra fidúcia é sinônimo de garantias, foi usada para denominar as apurações de crimes deste tipo, em que os bens oferecidos no caso de inadimplência não existem de fato ou estão irregulares.
Gilson Mapurunga declarou que o inquérito que apura este caso foi instaurado em março de 2014, quando através de uma auditoria interna, a CEF constatou fraudes na obtenção de empréstimos de crédito de imóveis. Uma tentativa de estelionato em uma agência da CEF, na Parquelândia, teria motivado a desconfiança na instituição. "A CEF entrou em contato conosco e começamos as apurações. Encontramos muitos contratos com suspeita de irregularidades. Foram auditados mais de 70 destes contratos, nos quais ficaram constatadas oito fraudes, sendo uma na agência da Parquelândia e as outras sete na agência de Maranguape", declarou.
O golpe era colocado em prática por três diferentes segmentos que agiam em concordância, conforme a PF. Os mutuários, aliciados pelos empresários, iam até a CEF pedir empréstimos utilizando registros falsos de imóveis. O delegado que investiga as irregularidades bancárias explicou que os documentos correspondiam a imóveis que realmente existiam, mas não pertenciam às pessoas que diziam ser donas, que eram as mesmas que pediam os empréstimos.
O dinheiro para o financiamento era concedido por um gerente, que sabia da trama, e depositado na conta do mutuário. Imediatamente 15% do valor eram sacados pelo beneficiado. O restante do dinheiro era transferido para uma conta desta mesma pessoa em outro banco e de lá era transferido para contas de terceiros. No outro dia todo o dinheiro era sacado.
"Ainda estamos investigando se estes mutuários ficavam com os 15% do empréstimo, ou se esta quantia ainda era dividida. Eles não eram 'laranjas'. São pessoas que sabiam o que estavam fazendo e aceitaram ser parte do grupo. Alguns até confessaram, em depoimento, que fizeram isto conscientes".
Alvos
O gerente que teria facilitado a concessão dos empréstimos pediu demissão da CEF, em agosto deste ano. Ele é uma das pessoas presas ontem. O valor de cada empréstimo variava entre R$ 380 e 480 mil, segundo a Polícia. "Empréstimos destes montantes requerem a aprovação de mais de um gerente, mas o que ocorria é que este ex-servidor desprezava todos os manuais e aprovava sozinho. Ignorava toda a legislação", disse o delegado.
O presidente do inquérito disse que as investigações continuam e existe a possibilidade de que outros servidores da CEF estejam envolvidos com mais este esquema criminoso, que atacou os cofres da instituição.
"Outras pessoas podem estar envolvidas, tanto servidores públicos, quanto empresários", apontou o investigador.
Segundo o delegado, a maioria dos empresários investigados eram ligados ao ramo da construção civil. Um dos principais alvos deste segmento diretamente beneficiado era uma mulher que também trabalhava como corretora de imóveis.
"Ela aliciava os mutuários oferecendo vantagens financeiras. Em conluio com o gerente, conseguia colocar em prática a fraude. Grande parte do dinheiro que conseguiu, investiu em cirurgias plásticas", afirmou o delegado Gilson Mapurunga.
Os oito envolvidos com o golpe que já estão presos responderão na Justiça, à medida de suas participações, pelos crimes de estelionato, uso de documento falso, corrupção ativa e passiva, integrar organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Fique por dentro
Fraude não foi praticada pelo mesmo bando
A Polícia Federal esclareceu que não há nenhuma ligação entre o grupo criminoso que atuava na 'Fidúcia I' com o que foi preso ontem. Segundo o delegado responsável pela operação, eram duas fraudes distintas, que ocorriam simultaneamente dentro da Caixa Econômica Federal. Os servidores são outros e os empresários são outros. O que se parece é apenas o modo que supostamente agiam, falsificando documentos e alienando garantias para receber os empréstimos. Nas duas fases, as fidúcias, ou seja, as garantias, não existiam de fato. É nisto que se baseava os golpes, em conseguir dinheiro da CEF oferecendo como garantia um bem que não era do contratante do empréstimo. Na primeira fase, os bens oferecidos em caso de inadimplência dos contratos, eram maquinários e utensílios. Desta vez, foram imóveis. A primeira fase da Operação Fidúcia foi deflagrada em março de 2014 e terminou com empresários, servidores da CEF e 'laranjas' presos. O rombo do primeiro golpe pode chegar a R$ 100 milhões.

Fonte: Diário do Nordeste

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