Felicidade.

Feliz é o homem que teme ao Senhor.



Publicação:

quarta-feira, 27 de julho de 2011

RERIUTABA - SEM DIREITO A PAPO NO ALPENDRE.

Foto Ilustrativa - Google Imagens.

A violência no campo muda o cotidiano dos moradores. Agricultores fecham portas e janelas antes de anoitecer, encerrando mais cedo as conversas no alpendre.

O caminho de terra batida leva até a localidade de Mufumbal, no pé da Serra da Ibiapaba, em Reriutaba. Foram mais de 20 minutos só de estrada e mato até O POVO encontrar a primeira casa. A mulher de 48 anos varria o alpendre enquanto contava como tinha sido o assalto que lhe roubou a tranquilidade.
 No dia 30 de junho, quatro homens armados abordaram três veículos que seguiam pela estrada carroçável. A dona-de-casa estava em um dos carros. Tinha ido até a sede do município receber o dinheiro do Programa Fome Zero. Os assaltantes levaram tudo que ela tinha. “Mandaram a gente se deitar no chão e ficavam ameaçando matar”, relembra.
“Até hoje eu tô doente dos nervos por causa disso. Fico nervosa o tempo inteiro. Posso nem escutar barulho que me assusto”, conta a mulher. Depois que a localidade virou alvo dos criminosos, ela vive com portas e janelas fechadas. “Só estou com a porta aberta agora porque o vizinho tá com gente no alpendre”, explica.
A violência na zona rural tem mudado a rotina de quem estava acostumado a um modo de vida mais livre. Se, antes, as famílias ficavam conversando no alpendre até tarde, agora se trancafiam em casa e ficam assistindo TV. “Está muito difícil a vida aqui”, resume.
A dona-de-casa tem vontade de se mudar para a cidade, mas a mãe dela não quer. “Ela já tem 84 anos. Está acostumada com a vida no sítio, não sai mais daqui. E não posso deixá-la sozinha”. Uma família vizinha já abandonou a casa e foi morar em Guaraciaba do Norte. “Três homens invadiram a casa deles, levaram tudo e ainda tentaram ‘mexer’ com uma menina”, relata.
“Eles se mudaram faz pouco tempo. Foi a maior tristeza do mundo. Vizinhos iguais a eles fazem muita falta”, considera. A família foi morar em casa de parentes. “A filha deles ficava só chorando, nem pra escola queria ir mais”, acrescenta.

Fonte: Jornal O Povo.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/ceara/2011/07/26/noticiacearajornal,2271592/sem-direito-a-papo-no-alpendre.shtml 

Nenhum comentário:

Postar um comentário