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segunda-feira, 15 de junho de 2015

TRÂNSITO - MAIOR RIGOR NA FISCALIZAÇÃO REDUZ ATENDIMENTOS NO IJF

Foto: José Leomar/DN
Blitze executadas por Detran, PM, PRE e Secretaria das Cidades refletem nas estatísticas de acidentes.
Qual a relação entre fiscalização do trânsito e o número de atendimentos no maior hospital de traumas do Estado, o Instituto José Frota (IJF)? Tem tudo a ver, comprovam os resultados obtidos com a Operação Retorno das Praias, executada entre Detran, PM e Secretaria das Cidades, desde março deste ano. O maior rigor nas blitze, principalmente em relação às motos, é traduzida pela redução de até 60% das internações. Antes da ação, o Frotão recebia, aos domingos, uma média de 102 casos relacionados ao trânsito, sendo 87 deles envolvendo motocicletas.
No primeiro dia da operação, 22 de março, esse total diminuiu para 53. O número representa 49 atendimentos a menos.
Em relação a motociclistas, a subtração foi ainda mais relevante: caiu para 35, ou seja, 52 procedimentos a menos.
Os dados são comemorados pelo diretor-médico do IJF, Osmar Aguiar. Segundo ele, a maior severidade e assiduidade da fiscalização traz efeitos extremamente benéficos não só para a proteção da vida, como também para a economia. "Conseguimos fôlego para mais investimentos na unidade e que refletem diretamente na qualidade do atendimento aos pacientes, seus familiares e no trabalho de todos os profissionais", destaca.
A Operação Retorno das Praias, articulada pela Secretaria das Cidades e executada pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Polícia Militar (PM) e Polícia Rodoviária Estadual (PRE), tem como alvo principal os motociclistas. A iniciativa acumula, desde o dia 22 de março até 7 de junho (12 domingos seguidos), um total de 522 motoqueiros notificados com base na Lei Seca e a apreensão de 753 condutores por licenciamento atrasado ou dirigindo por pessoas não habilitadas.
O trabalho é feito por dez equipes, das 12h às 18h. Nas abordagens, os motociclistas fazem o exame do bafômetro. A recusa ao teste é o indício de que o condutor está alcoolizado. Com isso, a notificação é registrada com base na Lei Seca.
Para o secretário das Cidades, Ivo Gomes, além da combinação de bebida alcoólica e direção, a falta do uso do capacete também representa um grave problema para a saúde pública do Ceará e, por isso, outras medidas de prevenção serão adotadas pelo Detran nos próximos meses. "A gente também vai investir muito em campanhas educativas quanto à importância do uso do capacete", pontuou.
As equipes se distribuem nas vias de retorno da Praia do Futuro, Praia de Iracema, Porto das Dunas, Prainha, Iguape, Presídio, da Barra do Ceará e Icaraí, Cumbuco, Pecém e Taíba.
Dificuldades
Para os agentes de trânsito, aponta o Detran, a tentativa de burlar as blitze por meio de aplicativos de celular é um dos entraves da operação. "Infelizmente, é a própria sociedade que busca meios para fugir da fiscalização, quando poderia entender que ela pode evitar o acidente no trânsito, com mortos e/ou feridos, sendo menos um a dar entrada no hospital", lamenta o órgão, via assessoria de comunicação. O Detran busca alternar os pontos de abordagem nas vias. Em média, 1,1 mil motociclistas são abordados a cada domingo.
Para o professor e membro do Laboratório de Estudos sobre Conflitualidade e Violência, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Geovani Jacó de Freitas, a operação é louvável, mas ainda é uma gota no oceano. "É exemplo de que quando o poder público assume o papel de fiscalizador, com ações mais contínuas, os resultados são extraordinários. Entretanto, o importante é investir no cidadão ainda em desenvolvimento, como as crianças e jovens", defende.
A pessoa, aponta o professor, quando assume a direção de um veículo, muda, e com a certeza de que não terá penalidade, acha que pode fazer tudo: "Ele pensa: 'Eu posso dirigir a 120 Km, posso ultrapassar sinal vermelho, estacionar em fila dupla ou tripla'. E por aí vai. É preciso que o cidadão pense: 'Eu posso, mas não devo e não vou fazer'. E isso, infelizmente, ainda estamos longe de alcançar", avalia.
Multas
O psicólogo André Veiga lembra que muita gente relaciona as blitze ou fotossensores à ideia da indústria da multa. "Eventualmente, algum motorista é multado por erro ou má fé do agente de trânsito, ou por deficiência na sinalização. Mas você, que já foi multado algumas vezes, como eu também já fui, coloque a mão na consciência e reflita: quantas dessas multas foram realmente injustas?", questiona.
Segundo dados da Secretaria das Cidades, o Ceará registrou, em 2014, 732 mortes em acidentes com motocicletas e 5.109 internações, até novembro, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de 2010, o maior número de óbitos ocorreu em 2012, com 841 mortes de motociclistas e garupeiros, de acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. O recorde de internações em consequência de acidentes de moto no Estado aconteceu em 2013, com 5.873 registros no Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS).
Lêda Gonçalves
Repórter.

Fonte: Diário do Nordeste

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