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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

IGUATU - SEM MATERIAL EM BRAILLE, IRMÃOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL CONTAM COM AJUDA DE COLEGAS PARA CURSAR LETRAS NO INTERIOR

Foto: Honorio Barbosa/G1
Marcos Lavor e Edilândia Lavor cursam estudam em Iguatu, mas faculdade não dispõe de material em braille.
Em uma moradia simples de Malhada Limpa, localidade distante 30 km de Iguatu, no interior do Ceará, os irmãos Marcos Lavor, 20 anos, e Edilândia Lavor, 23 anos, ambos com deficiência visual congênita, enfrentam obstáculos físicos e sociais para alcançar o sonho de se tornar professores de português.
Os dois cursam letras e, com a falta de materiais didáticos em braille, acessam o conteúdo digitalizado pelos colegas bolsistas por meio de um sistema de leitura implantado em seus computadores pessoais.
Da localidade onde vivem, no distrito de José de Alencar, até a Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (Fecli), unidade de ensino da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os irmãos percorrem 60 km todos os dias, em um ônibus escolar. A mudança para o centro urbano é impossibilitada pelas condições financeiras da família, sustentada à base de agricultura e da criação de alguns animais, quando a chuva ajuda.
Falta acessibilidade
O que sobra em suporte familiar aos irmãos, falta na educação formal a que têm acesso, ainda hoje em condição de ouvintes, por falta de material didático em braille. Atualmente, Marcos e Edilândia cursam o segundo e quinto semestres de Letras, respectivamente. No entanto, na faculdade não há impressora, nem textos e livros em braille, dificultando o acesso ao conteúdo das disciplinas.
As condições estruturais do lugar também não respeitam as limitações impostas pela deficiência visual dos universitários, que precisam superar ainda a falta de sinalização no piso, e contar, mais uma vez, com a ajuda dos colegas para se locomover.
Graças ao avanço tecnológico e à chegada de sinal de internet na zona rural onde vivem, Marcos e Edilândia estudam de casa, fazem os trabalhos acadêmicos, participam de atividade em grupo e estudo coletivo à distância.
Com o material digitalizado pelos colegas bolsistas, eles conseguem ouvir o conteúdo das disciplinas por meio do sistema implantado nos computadores, em casa. "Se houvesse textos (em braille) com os conteúdos das disciplinas, a gente teria melhores condições de estudo”, pontuam.
Alfabetização
Marcos e Edilândia estudaram até os oito anos na zona rural, na condição de ouvintes. "A gente estava na escola, mas não era estudante realmente. Não participava das atividades", lembra Edilândia.
A alfabetização em braille foi possível em Iguatu, na Escola Carlos de Gouvêa, em uma sala de inclusão, da Educação Especial. Concluíram o Ensino Fundamental e, depois, foram para o Liceu de Iguatu, onde terminaram o Ensino Médio.
O próximo passo foi enfrentar o vestibular da Uece e, cada um a seu tempo, conseguir aprovação para o curso de Letras.
Com a experiência de superação, os dois sonham em se tornar professores de português em uma sala de ensino regular. "A gente quer ensinar em uma sala regular, e não apenas para cegos", confirma Edilândia. “Fomos criados normalmente e isso nos ajudou bastante a ter força e motivação para superar as dificuldades", conclui.
(Por G1 CE e Honório Barbosa)
https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2018/12/30/sem-material-em-braille-irmaos-com-deficiencia-visual-contam-com-ajuda-de-colegas-para-cursar-letras-no-interior-do-ce.ghtml

Fonte: G1 CE

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