Foto Ilustrativa. |
Caracterizada
pela tristeza constante e falta de prazer em quase todas as atividades, a
depressão é um dos transtornos mentais mais comuns e atinge cerca de 10% da
população. Outros sintomas também denunciam a doença, como: alteração no
apetite, inconstância do sono (insônia ou sonolência), perda de energia e
sentimento de impotência ou culpa, além de, em casos mais graves, pensamentos
sobre suicídio, chegando a tentativas concretas.
Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é a segunda maior causa de
incapacidade no mundo, perdendo somente para as doenças cardiovasculares. As
causas são várias, podendo ser variantes de alterações em neurotransmissores
(células do cérebro), de fatores genéticos, de traços de personalidade e de
fatores ambientais.
Depoimento
O
estudante ingressou em uma universidade, no curso tão desejado, em 2009, mas no
primeiro ano desistiu da sonhada profissão. Nem os novos amigos, as novas
experiências e as novas responsabilidades foram atraentes o suficiente para
barrar a decepção com o curso. A partir daí, o mundo de fantasias de que a vida
sempre seria do jeito que queria se quebrou e a realidade o puxou para o lado
mais negro.
Em 2010,
Pedro voltou a estudar Física e Matemática, em um cursinho pré-vestibular. “Eu
vi que muitas certezas da vida foram por água abaixo. Comecei um processo de
orientação profissional pra descobrir o que queria ser, uma orientação com a
psicóloga. Foram três meses de processo. Depois que o processo acabou ela
avisou que eu não estava bem e me indicou a fazer terapia”, relembrou.
No mês de
maio daquele ano, Pedro iniciou a terapia. “Perdi vontade de sair de casa,
sentia um vazio, acho que isso que define. Uma coisa que suga, que não dá
vontade de fazer nada, como se não tivesse nada que te fizesse bem. Fiquei
semanas sem ir para o cursinho, porque não queria encarar o mundo. Senti um
desespero, uma dor existencial”, desabafou.
Preconceito
Foi quando
a terapeuta avisou que ele passava por um processo de depressão. “Aí é que
surge o preconceito de você se aceitar como doente. Demorei muito tempo para
aceitar que deveria para ir ao médico, uns dois meses. Tem preconceito dos
pais, que até hoje meu pai não aceita, já a minha mãe aceitou há uns seis
meses”, contou.
Mesmo com
a luta diária para se aceitar, Pedro consultou um psiquiatra indicado. Após uma
conversa, o paciente foi diagnosticado com depressão moderada, tendo que ser
medicado e fazer terapia. Pedro contou que demorou um tempo para tomar os dois
remédios receitados.
Somente em
dezembro de 2010 veio a melhora. As mudanças pessoais e profissionais fizeram
do jovem uma pessoa nova. “Foi aí que as coisas realmente aconteceram na minha
vida. Você começa a se sentir feliz, você começa a enxergar a beleza em coisas
simples, como o nascer sol. É um processo depressivo e tem recaídas, mas tem
que tentar viver com isso. Depende muito da emoção que tu sente, é muito
difícil, depende do que causou, como está o ambiente no exterior”, refletiu.
Palavra clínica
O
psiquiatra Fábio Gomes de Matos e Souza, que também é professor da Universidade
Federal do Ceará (UFC), salientou, em entrevista ao Tribuna do Ceará, que a
depressão não é tristeza. “Tristeza é uma emoção normal ao contrário da
depressão que é patológica”, disse.
Sobre os
sintomas, Fábio Gomes afirmou que podem ser classificados de diversas maneiras
como cognitivos (baixa autoestima, visão pessimista do futuro, percepção de que
é inútil e sem valor entre outros) e biológicos (alterações no sono, desânimo,
alterações no apetite e peso, alterações na libido entre outros).
Outra
maneira de classificar os sintomas de depressão, segundo o psiquiatra, é
dividindo-os em:
a)
principais:
1.
anedonia – falta prazer em quase tudo, a pessoa antes gostava de varias
atividades e quando está deprimida nada tem interesse;
2. humor deprimido – futuro é visto como ruim, crises de choro.
2. humor deprimido – futuro é visto como ruim, crises de choro.
b)
secundários:
1.
alterações no sono, sexo e apetite, desânimo, sentimento de culpa e ate desejo
de morrer”, explicou.
Segundo o
psiquiatra, o diagnóstico é clínico, ou seja, é baseado no que a pessoa
apresenta como sintomas. “Ainda não temos um diagnóstico genético, laboratorial
ou realizado por imagens. Deve-se lembrar que a depressão poder ser parte do
transtorno bipolar e um histórico de excessos na vida do paciente deve ser
pesquisado. A depressão pode também existir de forma mascarada através de dores
generalizadas pelo corpo sem haver um quadro clínico de depressão”, ressaltou.
Riscos e
tratamento
Tendo o
suicídio como o maior risco, a depressão pode não atingir somente o paciente,
mas os familiares. “A depressão tem um componente genético bastante elevado.
Assim os familiares de pessoas deprimidas tem um risco maior de ter também
depressão”, explicou.
Fábio
Gomes ainda ressaltou que o tratamento da doença envolve a farmacoterapia (a
prescrição de antidepressivos), a psicoterapia e alterações no ritmo de vida do
paciente (redução de estresse, sono regular, evitar sobremaneira a ingestão de
bebidas alcoólicas). “Vale ressaltar que familiares e amigos podem dar uma
contribuição muito importante permitindo o estreitamento de vínculos que
fornecem um suporte social”, avisou.
Cura?
Quando
questionada se há uma cura para a doença, o psiquiatra é claro. “Neste momento
da medicina, só podemos falar em cura nas seguintes situações: em algumas
doenças infecciosas, onde o agente causador da enfermidade é aniquilado ou em
casos cirúrgicos que a parte doente é retirada da pessoa. Todas as outras
doenças crônicas como diabetes, hipertensão ou depressão não têm cura, no
sentido em que a pessoa nunca mais terá outro episódio de depressão, mas tem
tratamento eficaz que extingue os sintomas e evita que novos episódios surjam.
Portanto, o melhor para o paciente deprimido é procurar um profissional da área
para tratar da crise atual e evitar novas crises”, finaliza.
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mentais
Fonte: Tribuna do Ceará/Jangadeiro.
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