Foto: Marcelino Júnior/DN |
Uruoca - Há cerca de quatro anos, a população deste Município, na região Norte, vem sofrendo os efeitos que a falta de água causa. A quadra chuvosa, que vai de fevereiro a maio, tem, na sede do município, a marca histórica de 795.8 milímetros. Neste ano, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou, até o dia 31 de maio, cerca de 599.6mm, déficit de 24,7%.
O sistema de abastecimento de água potável do Município, que se favorecia do Açude Angicos, também responsável pelo atendimento dos moradores de Senador Sá, Moraújo e Coreaú, captou sua última gota de água, na última sexta-feira, deixando a população de pouco mais de 13 mil habitantes completamente dependente da venda de água potável, que chega a custar R$ 4 por vasilhame; ou da água salobra, usada nos afazeres domésticos, e disputada todos os dias no único chafariz da cidade.
Sacrifício
O frentista Sebastião Queiroz é uma dessas pessoas que enfrentam filas todos os dias para pegar água. O chafariz, que recebe água bombeada dos novos poços profundos, cavados para minimizar o impacto da seca, foi entregue à população de Uruoca no ano passado, e, segundo os moradores, não dá conta do recado. "Eu venho aqui umas três vezes por dia, todos os dias, e está sempre movimentado. Se essa água fosse para beber, não ia dar para ninguém", disse.
No bairro Alecrim, o Açude Velho, construído em 1910, ainda tem serventia para alguns, como a dona de casa Teresa Severino, 78, que vai à barragem todos os dias em busca de água para as tarefas de casa. "O que eu pego aqui, uso na limpeza da louça, lavagem de roupa e no banheiro. Faz três dias que a gente não vê nada de água nas torneiras", conta.
Há quase um mês, o Município recebeu um ofício da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), que citava os últimos quatro anos como críticos, em relação às chuvas abaixo da média. O documento destaca a situação de emergência de 95 municípios cearenses, e mais 81 outros municípios em processo de homologação e reconhecimento de situação de emergência. "O quadro é preocupante, quanto à água para consumo humano e animal, pois nossos reservatórios estão com somente 20% de suas reservas acumuladas, fazendo-se necessário, o abastecimento em quase todo o Estado do Ceará com carros-pipa", dizia, no ofício, Dedé Teixeira, titular da SDA e coordenador do Comitê Integrado de Combate à Seca.
O secretário pede, ainda, que Uruoca, assim como as outras cidades listadas, elaborem seus levantamentos, e enviem, o quanto antes, seus Planos de Trabalho para Execução de Abastecimento Emergencial em Comunidade Afetada Pela Estiagem, para que possam contar com abastecimento por meio de carro-pipa, com apoio do Exército, que coordena a ação nas zonas rurais, em todo o Estado; enquanto o abastecimento na zona urbana é feito sob coordenação da Defesa Civil Estadual.
O coordenador municipal da Defesa Civil de Uruoca, Milton Cunha, conversou com a equipe do Diário do Nordeste, enquanto preparava o levantamento, a ser repassado ao Exército, para a solicitação de apoio na cobertura do abastecimento com carro-pipa, na zona Rural e Sede. "A lista segue com 7.477 pessoas a serem atendidas na Zona Rural e mais 2.915, na Sede de Uruoca. Também estou preparando o Plano de Trabalho para Execução de Abastecimento Emergencial em Comunidades Afetadas pela Estiagem, que nos foi solicitado, para que possamos ser atendidos", afirmou.
Racionamento
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) divulgou que atualmente não existem municípios com racionamento de água e sim, que passam por um sistema de contingência de abastecimento para preservar os mananciais; e que hoje, 33 municípios estão nessa situação.
Entre eles, os da Região Norte, que são: Catunda, Forquilha, Hidrolândia, Irauçuba, Santana do Acaraú, Senador Sá, e Uruoca, sendo que os dois últimos, assim como o município de Trairi, na Região de Itapipoca, entraram na lista, no começo do mês de julho.
No caso específico de Uruoca, a Cagece, em parceria com a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) e a Prefeitura, tem realizado ações para garantir o abastecimento de água para a população. Entre elas, a perfuração de dez poços, dos quais oito já estão em funcionamento, fornecendo água bruta para a Estação de Tratamento (ETA).
Marcelino Júnior
Colaborador.
Fonte: Diário do Nordeste
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Fotos: Marcelino Junior/Diário do Nordeste
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