Foto: Roberto Crispinm/DN |
Crato. O vazamento de parte de uma gravação feita durante uma conversa entre o vereador Dárcio Luiz e o ex-prefeito Samuel Araripe levou um grupo de cerca de trinta mulheres a ocupar no início da tarde de terça-feira (29) as galerias do Poder Legislativo do município do Crato. Na gravação o vereador afirma que o prefeito Ronaldo Sampaio Gomes teria pago R$ 450 mil a um grupo de nove vereadores para que estes votassem pela desaprovação das contas de gestão referentes ao exercício de 2009, de responsabilidade do ex-prefeito. Cada parlamentar, segundo a denúncia, teria recebido R$ 50 mil.
A líder do movimento, Gorethe Correia Lima, explicou que o objetivo do grupo era forçar a presidência da Câmara a criar mecanismos que expliquem se há veracidade nas informações repassadas pelo vereador Dárcio Luiz. “Nós queremos saber se houve o pagamento desses R$ 50 mil aos vereadores e, ainda, o nome de cada um que recebeu o dinheiro e se o recurso foi mesmo pago pelo prefeito Ronaldo”, informou.
As mulheres também reivindicaram punição rigorosa aos parlamentares e ao prefeito do município.
As mulheres levaram vassouras e sabão em pó para a sessão do legislativo. A ideia, segundo disse Gorethe Lima, era realizar uma faxina no interior da Casa. “As mulheres do Movimento Sem Teto vieram lavar a sujeira da Câmara. Se houve pagamento de mensalinho para vereador alguém tem que dizer algo a respeito”, cobrou.
Além dos esclarecimentos, as mulheres também reivindicaram punição rigorosa aos parlamentares e ao prefeito do município, caso haja comprovação das denúncias. “Se o prefeito pagou esse dinheiro todo, isso é motivo de cassação. Para ele e para quem recebeu o “mensalinho”, avalia Gorethe Lima.
Por volta das 5 horas da tarde, alunos da Universidade Regional do Cariri (URCA) uniram-se as manifestantes.
Câmara Municipal aprova CPI
Diante da situação, o vereador Roberto Pereira Anastácio apresentou requerimento à Mesa Diretora solicitando a deliberação do Plenário com objetivo de que fosse imediatamente aprovada a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CPI) para averiguar as denúncias de compra de votos.
Para o presidente da Câmara, Luis Carlos Saraiva, as declarações do colega parlamentar precisam ser esclarecidas. “Eu quero saber, os vereadores querem saber e a população do município tem o direito de ser informada se as denúncias que foram apresentadas são verdadeiras ou não”, disse.
Segundo ele, após a escolha dos membros da Comissão de Investigação, que deve acontecer na próxima segunda-feira (4), quando a Casa volta a se reunir ordinariamente, poderá, também, ser feita a convocação do vereador Dárcio Luiz para que sejam prestados esclarecimentos em torno da denúncia por ele apresentada. “A situação é delicada. Não havendo comprovação do que foi dito pelo colega, durante a gravação da conversa, é possível que seja solicitada a quebra do decoro parlamentar” disse Luis Carlos Saraiva.
Fonte: Diário do Nordeste
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