Foto: Krystine Carneiro/G1 |
Idosa foi presa na manhã desta terça-feira (15) em João Pessoa.
“Eu tenho trabalhado muito com alguns pacientes. Já fiz alguns abortos no passado, mas no máximo dois e nunca cobrei nada. Os abortos que fiz foi na minha família”, disse a mulher presa na manhã desta terça-feira (15) suspeita de realizar abortos clandestinos em João Pessoa. Marlene da Silva Alves, de 75 anos, foi presa em casa, onde, de acordo com a polícia, os procedimentos eram realizados.
De acordo com a investigação, a idosa cobrava R$ 400 por procedimento abortivo. Ainda não há informações sobre o número de mulheres que foram submetidas ao procedimento. Segundo o agente de investigação Alberto Soares, o objetivo principal da ação era fechar o local. “Nosso interesse era impedir que outras mulheres morressem no lugar.
Agora vamos aprofundar a investigação”, explica.
Segundo Geane Virgínia, filha da idosa, a família mora na residência e o local não funciona como ponto de realização de aborto. Ela ainda declarou ter ficado surpresa com a visita da polícia e disse que não tem nada a esconder.
De acordo com informações da delegada Emília Ferraz, da Delegacia de Crimes contra a Pessoa, as investigações começaram a partir da morte de uma suposta paciente. Conforme mostram as investigações, a mulher passou por um procedimento abortivo na casa da suspeita no dia 6 de maio e teve uma septicemia, ou seja, uma infecção generalizada.
A mulher foi levada para uma maternidade de João Pessoa, onde ficou internada por dois dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e passou por procedimentos cirúrgicos, inclusive uma histerectomia completa. Porém, ela não resistiu à infecção e morreu no dia 8 de maio. Ainda de acordo com a delegada, o útero da paciente estava todo perfurado.
"Ela já tinha dois filhos de dois relacionamentos distintos e estava grávida do terceiro filho, fruto de um relacionamento que não era fixo. Segundo a família, ela se desesperou. Quando ela pediu ajuda à família, ela já estava muito frágil, não conseguia nem andar. Com o procedimento, ela terminou morta e deixando dois filhos órfãos", comentou a delegada Emília Ferraz.
Além da prisão, a polícia também apreendeu o material usado nos procedimentos. Os objetos são de uso ginecológico e obstétrico, a exemplo de espéculo e ducha de lavagem, e também de uso cirúrgico, como tesoura cirúrgica, sondas e comprimidos entorpecentes.
"Nós acreditamos que ela colocava o espéculo e introduzia, por meio de uma sonda, um líquido para ceifar a vida do feto. A paciente voltava para casa, onde, aos poucos, o feto ia sendo abortado. O que chama a atenção é a falta de higiene e de trato desse local. Os materiais não eram esterelizados e alguns estão totalmente enferrujados", relatou a delegada.
Marlene apresentou à polícia um certificado de parteira leiga e outro de auxiliar de enfermagem. Segundo a delegada, ela negou todas as acusações e disse que o material era usado no cuidado de idosos.
Quem tiver conhecimento de outras vítimas da clínica clandestina pode entrar em contato com o disque denúncia da Polícia Civil, o 197, para auxiliar nas investigações. O anonimado será preservado.
Fonte: G1 PB
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