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"Brasil
é um país que pune muito pessoas pobres, pessoas negras e pessoas sem conexões",
disse. "Pessoas são tratadas diferentemente pelo status, pela cor da pele,
pelo dinheiro que tem", acrescentou. "Tudo isso tem um papel enorme
no sistema judicial e especialmente na impunidade", argumentou.
Barbosa já
havia criticado em sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o que chamou de
conluio entre juiz e advogado. Agora, atacou as conversas privadas ou
reservadas entre juiz e advogado sobre os processos. Na avaliação de Barbosa,
isso é "antiético" e um problema cultural brasileiro que contribui
para a impunidade.
O
presidente elogiou a Argentina por ter impedido o contato entre uma parte do
processo e o juiz sem a presença da outra parte. No Brasil, essa restrição é
mal vista pelos advogados, conforme Barbosa.
Recursos
Barbosa
criticou ainda a possibilidade de um processo criminal percorrer quatro
instâncias judiciais antes de ser concluído e afirmou que a quantidade de
recursos possíveis ao longo da tramitação do caso, inclusive os habeas corpus,
é outra razão que contribui para impunidade no País. "Ha formas paralelas
de questionar cada uma dessas decisões judiciais (em cada uma das instâncias).
Há infinitas possibilidades de recursos dentro dessas quatro instâncias. Da
primeira para a segunda instância, às vezes há 15 ou 20 diferentes
recursos", afirmou. "Qual a conclusão? Um longa demora, é
claro", acrescentou.
Pelas
contas de Joaquim Barbosa, um caso que envolva duas ou três pessoas "não é
concluído no Brasil em menos de cinco, sete, as vezes dez anos, dependendo da
qualidade social da pessoa".
Além
disso, o ministro fez questão de dizer que o foro privilegiado é outra causa da
impunidade. Barbosa explicou a jornalistas estrangeiros que prefeitos,
governadores, ministros de Estado, parlamentares e magistrados não são julgados
por um juiz "No Brasil tem algo chamado foro privilegiado, o que significa
que, se um prefeito é acusado de cometer um crime, ele não terá o caso julgado
por um juiz regular (...) Se o acusado é um ministro de Estado, membro do
Congresso ou ministro do Supremo, o caso será decidido pela Suprema Corte (...)
não tem tempo algum para decidir processos criminais", concluiu.
Ministros
do STF, em várias ocasiões, já confidenciaram, porém, que se não fosse o foro o
julgamento dos mensaleiros não teria ocorrido ainda.
(Agencia Estado)
Fonte:
Jornal O Povo.
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