Foto: Superinteressante. |
A técnica é conhecida como ETCC, ou estimulação transcraniana por corrente contínua. Ela consiste em aplicar fracas correntes eléctricas na cabeça das pessoas, através de eletrodos, por alguns minutos. As correntes passam através do crânio e alteram a atividade neural espontânea. Alguns tipos de estimulação podem excitar os neurônios, enquanto outros podem suprimir sua atividade.
Isso é indolor: as pessoas geralmente sentem apenas um leve formigamento por menos de 30 segundos. Mas os efeitos, segundo os pesquisadores, podem durar até 12 meses.
Roi Cohen Kadosh, da Universidade de Oxford, explica que isso “provavelmente ocorre devido a alterações moleculares e celulares” relacionado à aprendizagem e memória.
Desafios quase impossíveis
Pesquisadores da Universidade de Sidney, na Austrália, descobriram que a ETCC pode aumentar a habilidade das pessoas em resolver problemas complexos que exijam aquela coisa de “pensar fora da caixa”.
Parece simples, mas, segundo o professor Allan Snyder, líder do estudo, pesquisas feitas ao longo do último século mostraram que quase ninguém consegue resolver isso. A estimativa muda radicalmente quando as pessoas recebem estímulos elétricos não invasivos. Bastaram 10 minutos disso para que mais de 40% dessas pessoas conseguissem resolver o desafio.
Nesse caso, o que garantiu o sucesso cerebral foi o fato de que a ETCC inibiu o lobo temporal anterior esquerdo do cérebro, enquanto o lobo temporal anterior direito foi ativado. Isso, segundo Snyder e seus colegas, permitiu a melhora da percepção e memória dos voluntários.
Estimulando as habilidades numéricas
O já citado Cohen Kadosh, da Universidade de Oxford, também descobriu que a ETCC, quando aplicada ao córtex parietal posterior, pode melhorar a habilidade das pessoas com os números – e os efeitos duraram até 6 meses.
Kadosh também fez o teste em pessoas com discalculia (o equivalente à dislexia para os números). A ETCC também funcionou para eles, mas somente quando aplicada em regiões diferentes do cérebro em relação a quem não tinha o problema. Para ele, “isso sugere que pessoas com discalculia recrutam diferentes áreas do cérebro para o processamento numérico, provavelmente devido à reorganização cerebral”.
As descobertas abrem boas perspectivas e já estão sendo feitos estudos para a aplicação desse método na melhora da aprendizagem matemática em crianças que tenham dificuldades. Vamos acompanhar.
Fonte: Super Interessante.
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