Foto: Divulgação |
O OX513A foi aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, e testado em duas cidades brasileiras: Jacobina e Juazeiro, ambas na Bahia.
Em ambos os casos, obteve sucesso. Alguns meses após a introdução do mosquito transgênico, a população de Aedes aegypti nessas cidades foi reduzida em mais de 90% (o OX513A foi um elemento a mais na estratégia municipal, que continuou envolvendo mutirões de limpeza e educação da população). O mosquito geneticamente modificado é uma criação sofisticada e engenhosa. Mas há dois poréns.
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Os mosquitos OX513A liberados na natureza são machos, e não picam os seres humanos (só as fêmeas picam, pois precisam do sangue humano para produzir ovos). As fêmeas geradas durante o processo de criação do OX513A são separadas e mortas pela Oxitec. Mas a empresa admite que até 0,2% das fêmeas transgênicas podem escapar a esse processo, e acabar sendo liberadas junto com os machos. Elas picam - e poderiam se tornar vetores de transmissão de doenças. Inclusive porque a técnica envolve uma quantidade gigantesca de mosquitos, o que nos leva ao segundo ponto.
Jacobina é uma cidade relativamente pequena, e Juazeiro também. Em áreas maiores, o OX513A não é uma estratégia viável, por um motivo simples: seria preciso liberar enormes quantidades dele. O mosquito modificado é menor e mais fraco que o Aedes aegypti normal, e por isso só consegue se acasalar com as fêmeas ganhando pelo número - é necessário liberar dez OX513A para cada Aedes existente na natureza. Isso significa que para tratar uma área bem pequena, com 10 mil habitantes, é preciso soltar 2 milhões de mosquitos modificados por semana durante a fase inicial de tratamento, que dura de quatro a seis meses. Para tratar uma cidade grande, a quantidade de mosquitos necessários seria astronômica - e seria extremamente difícil, ou impossível, criar e distribuir centenas de milhões de mosquitos transgênicos por semana.
http://super.abril.com.br/ciencia/mosquito-transgenico-nao-e-solucao-contra-zika-entenda-por-que
Fonte: Revista Superinteressante
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